O que estamos plantando?

O que estamos plantando?
ALEP - PARANÁ COM TUDO E COM TODOS (copy at 2025-06-02 15:42:55)
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erinéia

Vivemos dias confusos. Dias em que os valores que sustentaram famílias, comunidades e nações por gerações estão sendo silenciosamente corroídos, como uma madeira que apodrece por dentro enquanto a aparência externa ainda parece firme. Estamos perdendo algo essencial — e o pior é que muitos ainda não perceberam.
A tecnologia avança, as redes sociais dominam, o imediatismo se torna regra. E enquanto celebramos a velocidade com que tudo acontece, perdemos a profundidade dos vínculos, a raiz das conversas, o respeito que se ensinava com o olhar.
O “bom dia” virou emoji. O abraço virou curtida. O exemplo virou esquecimento.
Nossos filhos estão crescendo assistidos por telas, não por presença.
Estão ouvindo músicas que exaltam o corpo, o sexo sem afeto, o dinheiro a qualquer custo — e quase ninguém explica a eles o que é o amor, o respeito, o limite e a verdade.
Estamos oferecendo liberdade sem maturidade. E o resultado tem sido assustador.
Casamentos acabam antes que aprendam a enfrentar as primeiras dores.
Pais e mães despreparados para o amor exigente, incapazes de dizer “não” por medo de desagradar, terceirizando os limites à escola, ao tempo, à vida — e esquecendo que o primeiro “não” protege mais do que castiga.
Estamos criando gerações que acreditam que basta querer para merecer.
Que tudo virá com facilidade. Que esforço é algo ultrapassado.
Mas a vida real, aquela que se mostra quando os filtros caem, exige preparo, renúncia, paciência e caráter.
E o que dizer das apostas, dos jogos que prometem riqueza sem trabalho, do vício que destrói famílias em nome da “diversão”?
Ou da prostituição que se disfarça de liberdade, mas aprisiona sentimentos e esvazia a alma?
Ou ainda da corrupção que já não escandaliza mais, pois muitos aprenderam que o “jeitinho” é melhor do que o caminho certo?
É preciso parar. Respirar. Olhar para dentro.
Voltar a ensinar o valor do tempo, o poder da verdade, o peso e a beleza de uma escolha honesta.
Precisamos voltar a contar histórias ao pé da cama, olhar nos olhos, ensinar que a vida também é feita de “nãos”, de esperas, de frustrações — e que isso não é tragédia, é maturidade.
Família ainda é o primeiro chão.
Valores ainda são os pilares.
E o que ensinamos hoje será a base do mundo de amanhã.
Antes de apontar culpados, precisamos olhar para o que temos feito com o nosso tempo, com nossas palavras, com nossa presença.
Não podemos mudar o mundo todo. Mas podemos mudar o mundo dentro da nossa casa.
Talvez o maior ato de coragem hoje não seja gritar nas redes, mas educar em silêncio.
Talvez o verdadeiro protesto seja ensinar um filho a pedir desculpas.
Talvez a maior revolução seja formar seres humanos inteiros, mesmo em tempos partidos.
Ainda dá tempo.
Mas é preciso acordar.
Júnior Chisté, psicólogo, escritor e palestrante.

Júnior Chisté, psicólogo, escritor e palestrante.

Atende através de vídeo-chamadas,
(49) 9 9987 9071.

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Imagem de destaque - TV A Folha