Elas são jovens, bonitas, inteligentes. Possuem habilidades múltiplas, são criativas, comunicativas, determinadas. Poderiam ser médicas, juízas, empresárias, professoras, artistas, cientistas. Mas muitas estão fazendo uma escolha silenciosa e devastadora: estão vendendo seus corpos em troca de dinheiro, status, fama e ostentação.
Você pode até pensar: “isso sempre existiu”.
Sim, sempre houve a comercialização do corpo. Mas hoje vivemos uma nova era — a da banalização, da hiperexposição e da desmoralização do valor humano. E o que mais assusta não é apenas a prática, mas a normalização precoce, a estética da sensualização como passaporte para o sucesso, e a falsa ideia de que essa é uma forma de empoderamento.
A psicologia não fecha os olhos para essa realidade. O que está por trás dessa escolha não é apenas uma decisão racional por dinheiro rápido. É, muitas vezes, um reflexo de carências emocionais profundas, ausência de propósito, baixa autoestima e uma enorme necessidade de validação externa.
Ao entregar o corpo como moeda de troca, muitas jovens estão, na verdade, gritando por pertencimento. Querem ser vistas, notadas, amadas. Mas acabam confundindo atenção com afeto, curtidas com valor, seguidores com vínculos.
A neurociência explica que o cérebro humano busca recompensas imediatas — dopamina, prazer rápido, sensação de destaque. As redes sociais e os aplicativos de conteúdo adulto amplificaram essa necessidade. Hoje, uma adolescente pode ganhar mais dinheiro expondo o próprio corpo em uma semana do que seus pais ganham em um mês inteiro de trabalho.
Mas esse ganho tem um custo altíssimo: a perda da conexão com o verdadeiro valor de si mesma.
Esse modelo de vida fácil, alimentado por influenciadores, plataformas digitais e a glamorização da pornografia disfarçada, vende a falsa ideia de liberdade. Mas não há liberdade quando o que move é o vazio. Não há empoderamento quando se constrói autoestima baseada na validação sexual alheia.
O que deveria ser um corpo com dignidade, história, sonhos e identidade, torna-se um produto, uma vitrine, um pedaço exposto ao consumo.
A psicologia mostra que esse estilo de vida tem consequências sérias: depressão, ansiedade, isolamento, dificuldade em estabelecer relações saudáveis e duradouras. Muitas dessas jovens, no silêncio do seu quarto, com a maquiagem já removida, sentem um peso que não conseguem explicar. É o peso de terem trocado a construção de um futuro sólido pela sedução de uma aparência imediata.
E quando os anos passam? Quando o corpo já não atende mais aos padrões de desejo? Quando a fama se desfaz como poeira ao vento? Fica o quê?
Fica o arrependimento de não ter estudado.
Fica o eco das oportunidades que foram ignoradas.
Fica a dor de não ter investido em si mesma de forma verdadeira.
Esse texto não é um julgamento. É um chamado à reflexão.
É preciso entender que o corpo é uma expressão da nossa história, não uma ferramenta de sobrevivência emocional. É preciso voltar a ensinar às nossas meninas que o verdadeiro valor não está nos aplausos digitais, mas na construção da própria dignidade.
Duas perguntas para refletir:
O que tem valido mais para você: a imagem que você vende ou a mulher que você realmente é?
Que tipo de história você deseja contar sobre si mesma daqui a dez anos?