Junior Chisté: “Você Não é o Seu Pensamento”

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A frase “você não é o seu pensamento” encapsula uma das mais profundas verdades da psicologia e da filosofia: a distinção entre a mente observadora e os conteúdos da mente. Vivemos em uma era de informações e estímulos constantes, onde nossos pensamentos podem se tornar uma cacofonia incessante que dita nossa percepção de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Entender que “você não é o seu pensamento” é um passo crucial para a liberdade emocional e mental.

A Natureza dos Pensamentos

Para entender completamente esta frase, precisamos primeiro explorar a natureza dos pensamentos. Pensamentos são eventos mentais que surgem na mente, muitas vezes sem nossa escolha ou controle consciente. Eles podem ser baseados em nossas experiências passadas, medos, desejos, influências externas, ou simplesmente surgir do nada. Eles são transitórios e temporários, flutuando pela nossa consciência como nuvens passando pelo céu.

A Identificação com os Pensamentos

Muitas vezes, cometemos o erro de nos identificarmos profundamente com nossos pensamentos. Pensamos que porque um pensamento surgiu em nossa mente, ele deve representar uma verdade sobre quem somos ou sobre a realidade. Se um pensamento negativo aparece, como “eu não sou bom o suficiente”, podemos rapidamente acreditar que ele define nossa identidade e nosso valor. Essa identificação pode levar a sentimentos de ansiedade, depressão, e baixa autoestima.

A Mente Observadora

A prática de mindfulness e meditação ensina que existe uma parte de nós que pode observar os pensamentos sem se envolver com eles. Esta é a mente observadora, ou consciência pura. Quando percebemos que podemos observar nossos pensamentos sem sermos consumidos por eles, começamos a entender que não somos nossos pensamentos. Somos o espaço no qual os pensamentos ocorrem.

O Impacto da Desidentificação

Desidentificar-se dos pensamentos tem um impacto profundo na saúde mental. Quando paramos de acreditar que cada pensamento que surge define quem somos, ganhamos uma nova perspectiva e uma nova liberdade. Podemos escolher quais pensamentos dar atenção e quais descartar. Podemos desenvolver uma postura mais compassiva e gentil em relação a nós mesmos, reconhecendo que pensamentos negativos são apenas uma parte da experiência humana, e não um reflexo verdadeiro de nosso valor ou capacidade.

Técnicas para Desidentificação

Mindfulness:

Praticar a atenção plena ajuda a observar os pensamentos como eles são, sem julgamento. Quando um pensamento surgir, simplesmente observe-o e deixe-o passar, sem se prender a ele.

Journaling:

Escrever sobre seus pensamentos pode ajudar a externalizá-los, tornando mais fácil vê-los de uma perspectiva distanciada. Ao reler o que escreveu, muitas vezes fica claro como os pensamentos são transitórios e às vezes irracionais.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):

A TCC ensina a identificar e desafiar pensamentos distorcidos. Ao questionar a validade e a utilidade de certos pensamentos, aprendemos a não nos identificar com eles.

Meditação:

Meditar regularmente pode fortalecer a capacidade de observar a mente sem se engajar com seus conteúdos. Isso cria um espaço interno de paz e clareza.

O Papel da Aceitação

Parte do processo de desidentificação é aceitar que todos os tipos de pensamentos, positivos e negativos, fazem parte da experiência humana. Em vez de lutar contra pensamentos negativos ou tentar suprimi-los, podemos aceitar sua presença sem permitir que definam nossa identidade. Essa aceitação diminui o poder dos pensamentos sobre nós e nos permite viver de forma mais plena e autêntica.

A Vida Além dos Pensamentos

Quando percebemos que não somos nossos pensamentos, abrimos a porta para uma vida de maior liberdade e autenticidade. Podemos nos conectar mais profundamente com nossos valores, nossos sentimentos verdadeiros, e com os outros. A criatividade floresce, pois não estamos mais presos ao medo de julgamentos internos. As relações se tornam mais genuínas, pois estamos mais presentes e menos preocupados com as narrativas mentais.

Conclusão

“Você não é o seu pensamento” é um lembrete poderoso de que nossa identidade vai muito além dos eventos mentais transitórios que experimentamos. Ao cultivar a capacidade de observar os pensamentos sem se identificar com eles, desenvolvemos uma relação mais saudável e equilibrada com nossa mente. Essa prática abre caminho para uma vida mais consciente, compassiva e livre, onde podemos ser verdadeiramente nós mesmos, independentemente dos pensamentos que cruzam nossa mente

.Júnior Chisté, psicólogo, escritor e palestrante. Atende através de vídeo-chamadas, (49) 9 9987 9071.

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