Palmenses registram Coleiro-do-norte no interior de Palmas

Palmenses registram Coleiro-do-norte no interior de Palmas
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Membro do Clube de Observadores de Aves do Contestado faz registro inédito

Na sexta-feira (22), Rui Santos e seu primogênito, Rui Filho, 17 anos, estudante do Ensino Médio, fizeram um registro surpreendente de um Coleiro-do-norte na região. “Momento que ficou marcado na nossa vida de observadores, quando estávamos observando e fotografando aves em Palmas, atividade que realizamos sempre que saímos juntos. Dessa vez, e para nossa surpresa, observamos um pássaro um tanto diferente do que estamos acostumados a encontrar. Com vários cliques feitos, seguimos para casa, curiosos para ver e identificar o que havíamos registrado. Pesquisando as aves prováveis da região, nada se parecia, quando de repente veio a maior surpresa; havíamos encontrado uma espécie totalmente inesperada na região, o Coleiro-do-norte, de nome científico Sporophila americana, mesmo grupo de aves a qual pertence os coleirinhos, aves que comem sementes. A emoção foi tanta que mal podíamos acreditar, mas realmente a identificação estava correta e o registro logo foi publicado na plataforma de ciência cidadã Wikiaves”, justificou ele e esclareceu que sua esposa Fernanda Bitencourt Terencio, Técnica em Meio Ambiente e observadora de aves e seu filho Ruan, 5 anos, acompanharam nas atividades de observação.

Santos comentou ainda que sua família reside há pouco mais de um ano em Ponte Serrada, oeste catarinense, “fizemos amizade com o casal de biólogos e observadores Lidiorlan Bortolaz e Alini Guinzelli, os quais nos convidaram para fazermos parte do Clube de observadores de Aves do Contestado (COAC)”, frisou e pontuou que a observação de aves é uma terapia, uma fuga da rotina, “um hobby, que foi tomando espaço na vida de nossa família. Praticada internacionalmente, o “Birdwatching” é uma atividade sustentável que tem como objetivo, observar as aves em seu habitat natural, sem interferir no seu comportamento ou no seu ambiente”, e explicou que utiliza as plataformas para registros e identificação como Wikiaves, Merlin e EBird. “Os observadores de aves prestam um serviço à comunidade internacional de mapeamento da avifauna nas regiões onde atuam. Duas vezes por ano são realizadas, no mesmo dia, observações de aves em todo o planeta, são os chamados “Big Day”, as listas das aves que cada observador encontrou neste dia, com a sua localização, são enviadas para a plataforma E-Bird que as envia para o banco de dados da Universidade de Cornel, nos EUA”.

Pássaro

O Coleiro-do-norte é encontrado em habitats perturbados, campos sujos, regiões agrícolas, beiras de estradas, incluindo pastagens, margens de rios e até nas cidades. Geralmente vive aos pares ou pequenos bandos, às vezes misturados com outras espécies, que também são consideradas granívoras, ou seja, alimentando-se principalmente de sementes.

O macho possui coloração preto brilhante na parte superior, com a garganta branca, cuja tonalidade se estende para cima, nas laterais do pescoço, formando um colar, às vezes incompleto. Possui ainda uma faixa preta no peito, duas barras brancas bem distintas nas asas e as partes inferiores são brancas. A fêmea e o filhote são marrons indefinidas e muito difíceis de distinguir de outras fêmeas de comedores de sementes.

Questionamentos

“Mas a pergunta que ainda precisa de resposta permanece? Como uma ave que habita uma região tão distante veio parar aqui? Está realizando alguma migração e errou o caminho? Está buscando novos habitats? Ou ainda, escapou de alguma gaiola? Alguém trouxe lá do norte e soltou aqui? Enfim, a resposta não é tão simples o quanto parece. Vamos continuar realizando essa atividade que tanto amamos que é a observação de aves, para seguir monitorando a região em busca por novas evidências tentando registrar outros indivíduos da espécie”.

Depoimentos

Destacou ainda que o amigo da família, o biólogo Lidiorlan Bortolaz comentou: “encontrar uma espécie rara em uma determinada região já é difícil, agora encontrar uma espécie que ocorre a milhares de quilômetros do seu local de origem é muito mais improvável. O Coleiro-do-norte, registrado pelo amigo Rui e sua família mostra como as aves superam limites e como a ciência cidadã é importante, registrando a fauna presente naquele momento em uma determinada região”.

Palmenses registram Coleiro-do-norte no interior de Palmas
Autor: Rui E. Santos 42 anos, Técnico em Meio Ambiente e observador de aves. Rui Filho (17), estudante do Ensino Médio. Públicado no Jornal Caboclo.

Alini Guinzelli, esposa do Lidiorlan, também é bióloga e trabalha como analista temporária ambiental no Parque Nacional das Araucárias em Ponte Serrada/Passos Maia, participante do COAC, ICMBio, assinalou: “a observação de aves é um hobby que vem crescendo no Brasil e está sendo fundamental na contribuição para as pesquisas, envolvendo registros de espécies de mamíferos, répteis, anfíbios e especialmente as aves, contribuindo assim no levantamento e no monitoramento das espécies. O registro realizado pelo Rui e a sua família no último dia (22) de novembro de 2024, em Palmas (PR), onde juntos registraram o Coleiro do norte, evidencia a importância da ciência cidadã. Esse registro é raríssimo para o sul do Brasil, mostrando que o desmatamento, as queimadas, ou ainda o tráfico de animais silvestres, estão forçando os animais a estarem buscando outros ambientes, na tentativa de sobrevivência, realizando quilômetros de distância do seu habitat natural. Esse registro ainda pode estar relacionado a escape ou soltura, tendo em vista que essa espécie e outras espécies desse grupo de aves, são alvo de traficantes de animais silvestres ou gaioleiros.”

Imagem de destaque - TV A Folha
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