O silêncio que mata: a urgência de falar sobre suicídio

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Ninguém está imune aos desafios da vida, e quando a pressão se torna insuportável, algumas pessoas podem se encontrar à beira do abismo emocional. Os motivos que levam alguém a considerar o suicídio são diversos e complexos, abrangendo desde a necessidade de aliviar cobranças sociais avassaladoras até sentimentos de culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso e humilhação.

Para compreender melhor essa realidade, conversamos com a psicóloga do CAPS de Palmas, Keila Camargo. Ela revela um dado alarmante: a faixa etária mais vulnerável, quando se trata de pensamentos suicidas, geralmente é entre 15 e 29 anos. De acordo com a profissional aqueles que lutam contra pensamentos suicidas muitas vezes deixam rastros de seu desespero. Esses sinais podem ser identificados e ser a chave para oferecer a ajuda necessária.

Sinais: Um pedido de Socorro

Entre os sinais de alerta, o isolamento social se destaca, quando a pessoa se afasta de amigos, familiares e atividades que antes lhe traziam prazer. Além disso, a autolesão pode ser um indício preocupante, assim como a falta de interesse pelo próprio bem-estar. Queda na produtividade nos estudos e no trabalho, alterações nos padrões alimentares e do sono, bem como estados psicológicos alterados, como tristeza, ansiedade, irritabilidade, impulsividade e preocupações constantes, também merecem atenção.

Em um mundo cada vez mais conectado, as redes sociais se tornam um espaço onde alguns indivíduos encontram uma forma de expressar suas emoções. Compartilhar textos ou imagens tristes pode ser uma maneira de evidenciar o que realmente estão sentindo. Além disso, é importante estar atento a frases que indicam um profundo desespero, como “Queria sumir…”, “Eu preferia estar morto…”, “Eu sou um fracasso…” ou “Eu não vou fazer falta…”.

Como Ajudar

Em momentos de crise suicida, as pessoas muitas vezes se sentem perdidas, isoladas e desamparadas. Mas imagine se você, como amigo, tivesse a coragem de se aproximar e perguntar: “Existe algo que eu possa fazer para te ajudar?” Essa simples pergunta pode abrir um canal de comunicação vital, oferecendo um espaço onde a pessoa se sinta segura para compartilhar suas angústias. Nesses momentos delicados, ter alguém que se disponha a ouvir atentamente pode ser o ponto de virada que faz toda a diferença. E acredite, qualquer um de nós tem o potencial de se tornar esse “ombro amigo” que acolhe sem julgamentos ou conselhos prontos. De acordo com Keila, não se pode esquecer do importante papel da família nesse processo de tratamento. “O apoio familiar é essencial para aqueles que estão sofrendo e se torna um elo fundamental junto ao tratamento. Nós, profissionais, também atuamos como suporte para a família nessa jornada”.

Onde Buscar Ajuda

Em Palmas, o  Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é uma instituição dedicada ao cuidado e suporte daqueles que já passaram por situações de tentativa de suicídio ou que estejam planejando tal ato. Atualmente, o CAPS presta assistência para cerca de 1000 pessoas. O serviço é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo acessado tanto por pessoas que buscam ajuda por iniciativa própria quanto por aquelas encaminhadas por clínicos gerais. Após uma análise individual, os pacientes são acolhidos e passam a frequentar o local. Uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, terapeutas, farmacêuticos e assistentes sociais trabalha em conjunto para oferecer um tratamento abrangente. “A atuação dos profissionais é acolher, inserir ao tratamento médico e psicológico, orientar a importância da  participação nas oficinas e grupos”, destaca Keila.

CAPS PALMAS

Av. Cel José Osorio, 466 – Centro

DADOS

Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, o país contabilizou 15.499 casos de suicídio em 2021. Isso significa uma média de 42 ocorrências por dia, ou seja, uma vida perdida a cada 34 minutos devido a lesões autoinfligidas. No Paraná, de 1996 a 2021, foram registrados 17.953 casos de suicídio. Em Palmas, a psicóloga do Caps, Keila Camargo, relata que, em 2022, foram registrados 21 casos de suicídio na cidade. No entanto, neste ano, houve uma diminuição para 13 casos.

Por: Maria Rossetto

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