A ação de vândalos no furto de cabos de energia para comercialização no comércio clandestino está ultrapassando os limites da ousadia e inconsequência.
Centenas de consumidores viram as torneiras secas na semana passada devido à ações desta natureza em menos de 24h.
Os alvos do ‘bando’ agora viraram as estações elevadas da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que está demandando tempo e serviço para recuperar o fornecimento de água. Em algumas situações os consumidores ficam até 20h sem o serviço.
O furto de cabos é um crime de difícil combate e que é cada vez mais comum e afeta desde órgãos públicos até empresas particulares, casas e comunidades inteiras.
O objetivo dos ladrões é coletar o máximo de cobre, metal nobre que é um excelente condutor elétrico e gera muito interesse no mercado.
Esse tipo de furto não é novidade, mas com a crise enfrenta há uma onda de incidência. Desde o ano passado o cobre mais que dobrou de preço, diante da valorização do dólar, somado à escassez no mercado e alta demanda.
Registro das Ocorrências
A Sanepar realizou junto às autoridades de Segurança Pública, o Registro das Ocorrências. Os vândalos podem ser enquadrados na Lei que prevê punções de acordo com o Artigo nº 163 do Código Penal Brasileiro, vandalismo é crime e o autor do delito fica sujeito à prisão e multa, por danos ao patrimônio público. A pena varia de seis meses a três anos de detenção, além de agravantes.
As orientações à população é para que entrem em contato imediatamente com a Sanepar caso percebam alguma movimentação suspeita. Denúncias devem ser feitas à Polícia Militar.
Lei Municipal proíbe comercialização
Em novembro do ano passado a Câmara Municipal de Palmas, aprovou Projeto de Lei, de autoria do vereador Paulo Bannake, e foi sancionada pelo Executivo Lei que proíbe a comercialização deste tipo de material sem a devida procedência. Conforme a Lei Municipal, fica proibida a comercialização de cobre, alumínio e assemelhados quando em formato de fios ou cabos, no município. A proibição incide exclusivamente sobre o material sem origem, não alcançando aquele objeto de comercialização regular, na forma da legalização própria. Considera-se praticante do comércio de cobre, alumínio e assemelhados, toda e qualquer pessoa física ou jurídica que adquira, comercializa, exponha à venda, mantenha em estoque, use como matéria-prima, beneficie, recicle, transporte compacte material metálico procedente de anterior uso comercial, residencial industrial ou de concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviços públicos, ainda que a título gratuito. Os estabelecimentos, as pessoas jurídicas ou físicas que praticam o comércio de produtos, dessa Lei que não comprovarem a origem dos mesmos ficarão sujeitos à aplicação de multa no valor de 25 VR (Valor de Referência); cassação do alvará de funcionamento em caso de reincidência. O material apreendido ficará à disposição da municipalidade.
Risco à vida
Além de causar transtorno à população, em estabelecimentos comerciais, escolas entre outros, há ainda outro agravante. O risco destes meliantes sofrerem uma descarga elétrica que pode causar consequências graves e danos irreversíveis à saúde e até mesmo a morte. De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Palmas, sargento Clóvis Maccari, “em relação ao furto de cabos de cobre de energia elétrica, além do prejuízo para o proprietário, existem outros riscos aos proprietários e inclusive para os indivíduos que realizam o furto, dentre eles, há o risco de choque, risco de ocasionar um incêndio e também risco de queda de plano elevado. O risco de choque existe tendo em vista que os cabos de energia normalmente encontram-se energizados no momento do furto, e podem gerar uma descarga elétrica em quem está manuseando os cabos. Quanto ao risco de incêndio, ao manusear os cabos, estes podem entrar em contato um com o outro ocasionando um curto circuito podendo assim dar início a um incêndio. Há ainda o risco de queda de plano elevado do indivíduo, pois normalmente os cabos estão presos em postes, havendo a necessidade do indivíduo subir nos mesmos para efetuarem o furto, sendo que dificilmente estarão utilizando EPI’s adequados para o trabalho em altura e em caso de queda do indivíduo, este pode sofrer ferimentos graves e até perder a vida”, ressalta Maccari.
Esta situação de possibilidade relatada pelo comandante foi vivenciada em Pinhão, município cerca de 230 km de Palmas, conforme informação da Polícia Militar, “um homem que estaria furtando fios de cobre, morreu eletrocutado na área rural de Pinhão. A morte ocorreu próximo a estrada que dá acesso ao Zattarlandia, na localidade do Bom Retiro. De acordo com informações da PM, após ligação anônima informando a morte, a equipe policial se deslocou até o local. O homem foi localizado em um carreiro, perto de uma casa abandonada, e apresentava indícios de queimadura por choque elétrico. Ainda conforme a PM, ele estava embaixo de um poste e já sem vida. Perto dele, os policiais encontraram uma mochila com certa quantidade de fio de cobre e algumas ferramentas”.