Em breve, as primeiras lavouras de milho começam a ser plantadas. O período inicial da cultura é um dos mais importantes quando o assunto é controle de cigarrinha.
Os preparativos para a próxima safra de milho já iniciaram. Em breve, as primeiras lavouras começam a ser plantadas. O período inicial da cultura é um dos mais importantes quando o assunto é controle de cigarrinha.
O assistente comercial da Cooperalfa e engenheiro agrônomo, Thiago Vergutz, conversou com o pesquisador da Epagri, Dr. em Entomologia, Leandro do Prado Ribeiro, que apresenta estratégias de manejo da cigarrinha do milho.
Thiago – Estamos nos aproximando de um momento importante que é o plantio da próxima safra da cultura do milho. Como as condições climáticas do inverno impactam na dinâmica da praga e nesse novo ciclo da cultura?
Leandro – Tivemos algumas geadas que ocorreram em grandes intensidades em boa parte das regiões de Santa Catarina. Elas foram fundamentais para reduzir a proliferação do milho tiguera e também o nível de infestação da cigarrinha do campo, principalmente nessa condição de entressafra.
Os monitoramentos que estamos conduzindo têm indicado uma menor pressão populacional em relação aos dois anos anteriores.Obviamente, a cigarrinha está presente em baixas densidades, principalmente em regiões próximas a rios, lavouras em que não ocorre geadas em grandes intensidades; ali nós temos a permanência do milho tiguera e da praga.
Thiago – A cigarrinha consegue sobreviver somente na cultura do milho, ou em outras plantas também?
Leandro – Ela usa o milho ou os seus parentais para multiplicação ou continuação do seu ciclo biológico. No entanto, ela pode usar diversas espécies, principalmente gramíneas, como plantas abrigo. Nesse caso, ela pode estar se alimentando em plantas de capoeira, cobertura, essas gramíneas que utilizamos.
Ao se alimentar dessas plantas que não são adequadas para a sua reprodução, ela tem uma redução na sua longevidade. Esse período de vazio sanitário, feito de forma natural pela ocorrência de geadas, teve um aspecto bastante positivo, porque sem dúvidas, esses insetos não terão a mesma longevidade quanto estar se alimentando do seu hospedeiro preferencial que é a cultura do milho.
Thiago – Em relação ao plantio em microrregiões, escalonadas em épocas diferentes de plantio. De que forma essa prática interfere e remete a um cuidado diferenciado?
Leandro – A cigarrinha do milho gosta de plantas nos primeiros estágios de desenvolvimento. Essas condições, na qual temos mosaicos de desenvolvimento produtivo, com semeaduras dessincronizadas, favorece muito a praga, dispersando de lavoura em lavoura. A cada passeio, entre os vizinhos, ela acaba aumentando a disseminação das doenças que atua como inseto vetor.
Nesse ano, os mapas climatológicos indicam a possibilidade de geadas tardias, então, a gente alerta o produtor para que busque fazer, dentro de um contexto regional, de microbacia, uma semeadura mais sincronizada.Quando tivermos a adoção do manejo regionalizado, teremos uma queda na população da cigarrinha.
Thiago – Considerando o momento que estamos agora, onde o agricultor já fez o manejo de plantas guaxas, definiu o híbrido que será plantado, com uma boa tolerância ao complexo de enfezamento e realizou a dessecação antecipada. Quais são os próximos passos que o agricultor deve se atentar pensando em dar sequência ao manejo da cigarrinha?
Leandro – Após a emergência da cultura, um ponto chave é fazer o manejo químico, associado ou não a produtos biológicos. Esse é o pulo do gato do manejo da cigarrinha: tratamento precoce. Quanto mais cedo a cigarrinha entrar na lavoura, maior será o impacto no momento da colheita ou no estágio reprodutivo, com o aumento da incidência e severidade das doenças do complexo de enfezamento.
Por isso, o agricultor já deve estar preparado com inseticida comprado, principalmente pensando no momento de maior sensibilidade da cultura, que chamamos de super crítico, que vai da emergência até o estágio de cinco folhas. Esse é o momento que o agricultor não pode abrir mão do manejo, independentemente do nível populacional. Obviamente, estendendo esse manejo até o estágio de oito a dez folhas.
Thiago – O monitoramento é uma peça chave para ter uma boa eficiência no manejo da praga?
Leandro – Na cooperativa o produtor pode comprar as armadilhas adesivas amarelas, uma tecnologia bastante barata para fazer o monitoramento em cada talhão. Posicionar essas armadinhas no entorno da lavoura e fazer a vistoria duas a três vezes por semana, vai dar um indicativo para que ele faça o manejo no momento da detecção da praga.
Fazer o manejo no momento que precisa é o ponto chave para o sucesso da cultura e de todo o manejo fitossanitário, principalmente ligado à cigarrinha do milho.
Thiago – A cigarrinha é de difícil controle, porém é possível produzir milho buscando altos tetos produtivos convivendo com essa praga. Qual a sua mensagem para os produtores?
Leandro – Esse é um problema de longa data no País, mas a partir da safra 20/21 tomou uma proporção e uma intensidade que nós não esperávamos. A adoção do manejo regionalizado já tem indicado nas safras anteriores, com pressões populacionais muito mais elevadas, o que nós vamos observar possivelmente na próxima safra: produtores chegando a patamares de produtividade acima de 200 sacas/hectare.
Isso indica que, sem dúvida, esse inseto vai trazer algumas lições, mudanças em termos de manejo, e vai colocar a cultura do milho em outro patamar de produtividade, possibilitando atingir níveis acima de 16 toneladas, na qual nossos dados indicam que é possível produzir em Santa Catarina.
Buscando a intensificação do manejo, monitoramento dos cultivos, podemos sim ter a cultura do milho num bom patamar de rentabilidade e uma boa contribuição para o sistema de manejo. A gente sabe que, soja semeada quando a cultura anterior foi o milho, tem um incremento de 18% na produtividade.
Os patamares de preço já apontam para a possibilidade de retomada.Portanto, é uma condição bastante positiva para incluir o milho dentro do sistema de diversificação de renda da propriedade.
Assessoria de Imprensa Cooperalfa