As universidades estaduais de Londrina (UEL) e do Centro-Oeste (Unicentro) darão início, em julho, a duas ações de extensão na área da saúde, com foco em transformação digital e modernização dos serviços médicos em seis municípios das regiões Norte e Centro-Sul do Paraná. O objetivo é capacitar profissionais de saúde nos próximos dois anos e propor soluções que aumentem a eficiência dos sistemas locais, elevando a qualidade da atenção básica. A iniciativa busca ampliar o acesso aos serviços por meio da saúde digital, com plataformas integradas que conectam profissionais, pacientes e gestores, promovendo a integração entre tecnologia e atendimento ao cidadão.
Os projetos receberão um investimento total de R$ 3 milhões, financiados pelo Ministério da Saúde, sendo R$ 1,5 milhão para cada universidade. Esses recursos serão destinados principalmente para bolsas-auxílio na modalidade estudante de graduação. No total, 392 bolsistas serão mobilizados, incluindo 288 estudantes, 52 professores e 52 profissionais da saúde, organizados em 26 grupos de trabalho. A abordagem envolve cursos de áreas da saúde, como Medicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Odontologia, e outras áreas como Administração, Ciência da Computação, Ciência de Dados e Inteligência Artificial, Design Gráfico, Direito, Jornalismo, Letras, Pedagogia, Psicologia e Publicidade e Propaganda, promovendo um ecossistema integrado de conhecimento.
O projeto da UEL contemplará os municípios de Assaí, Bela Vista do Paraíso, Jataizinho, Sertanópolis e Tamarana, na 17ª Regional da Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa), em Londrina. A proposta inclui 24 oficinas para promover o letramento digital de 250 profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários e gestores, incentivando a inovação em saúde digital.
Segundo Pablo Guilherme Caldarelli, coordenador do projeto e professor do Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil e Saúde Coletiva da UEL, a transformação digital exige mudanças culturais nos serviços de saúde. “O projeto pode contribuir para os avanços na saúde digital no Paraná e no Brasil, sensibilizando e capacitando os profissionais para utilização de tecnologias no cuidado, gestão e vigilância em saúde, integrando ciência e inovação aos serviços”, afirma. Os bolsistas deverão propor soluções tecnológicas para otimizar processos, expandir os serviços e implementar novas modalidades de atendimento.
Uma das metas é conectar os municípios à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), plataforma que permite aos gestores tomarem decisões baseadas em dados atualizados. Pablo destaca a importância da integração entre a universidade e os serviços de saúde. “Esse projeto de saúde digital se destaca por fortalecer a integração entre universidade e serviço, trazendo o conhecimento técnico e científico da academia para os serviços públicos de saúde e, ao mesmo tempo, incorporando as experiências e vivências dos profissionais, contribuindo para democratizar o acesso à informação, ao conhecimento e às tecnologias”, pontua.
Já na Unicentro, o projeto será realizado em Guarapuava, com foco na 5ª Regional de Saúde, e também incentivará o uso de tecnologias digitais e governança de dados para otimizar processos administrativos e assistenciais, com ênfase na segurança do paciente e na gestão de recursos.
Marina Pegoraro Baroni, coordenadora do projeto e professora do Departamento de Fisioterapia da Unicentro, afirma que a pesquisa aplicada é uma ferramenta central no processo. “A ciência e a inovação são pilares centrais do projeto, que busca identificar lacunas nos serviços de saúde e propor soluções digitais viáveis e contextualizadas, desenvolvidas de forma colaborativa entre universidade e serviço público, pautadas por evidências e pelas necessidades reais da população”, explica. Marina também aponta para o impacto social da iniciativa. “Ao promover letramento digital dos usuários, qualificação dos profissionais e produção de ferramentas acessíveis, o projeto favorece a inclusão digital de populações em situação de vulnerabilidade, estimula a formação de redes interdisciplinares e fortalece a autonomia dos cidadãos, preparando estudantes para atuarem de forma sensível e inovadora diante dos desafios do setor público.”
A ação em Guarapuava tem como metas principais implementar soluções inovadoras, digitalizar procedimentos para aprimorar a qualidade do atendimento e reduzir o tempo de espera. A expectativa é transformar o município em referência regional em saúde digital, com foco na atenção primária.