“…levo a vida por levar, quantas vezes tentei me matar, eles eram as únicas crianças que eu tinha. Sonho com eles, as lembranças vêm, é um pesadelo, queria que não fosse verdade”, mãe das crianças, Ezeli Ap dos Santos.
Um crime bárbaro que marcou a história de Palmas, no dia (09) de maio de 2013, o pai, Vanderlei de Souza Lima, 33 anos, matou seus três filhos a golpes de faca e com requintes de crueldade. Um crime de repercussão nacional divulgado pelos principais meios de comunicação.
A prefeitura de Palmas, decretou luto por três dias, as escolas municipais e os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI’s), tiveram suspensas suas aulas.
O velório aconteceu em uma igreja evangélica no bairro Vila Operária II e o sepultamento foi no cemitério municipal.
No dia (04) de julho do mesmo ano, Vanderlei foi encontrado enforcado na penitenciária em Francisco Beltrão.
Prestes a completar 10 anos deste crime brutal, a reportagem esteve no local onde foram encontrados os corpos dos irmãos, em uma propriedade particular, às margens da estrada velha para Clevelândia, próximo ao Conjunto Habitacional Bom Pastor. Lá existem três cruzes com os nomes das vítimas. Também foi entrevistada a mãe das crianças, Ezeli Ap dos Santos, uma testemunha do fato e delegada à época, Drª Vera Lúcia Tapie.
Ezeli tem tatuado em seu antebraço os nomes das três crianças, (Carlos Rian dos Santos Lima, 09, Ketlin dos Santos Lima, 05 e Mirela dos Santos Lima, 03). A mãe ainda faz o uso de medicamentos de uso controlado. Enfatizou que desde aquela época não é fácil conviver com essa dor no peito, “levo a vida por levar, quantas vezes tentei me matar, eles eram as únicas crianças que eu tinha. Sonho com eles, as lembranças vêm, é um pesadelo, queria que não fosse verdade”, ressaltou ela e comentou que sua mãe e seu sobrinho estão lhe dando forças para viver. “Ele não aceitava a separação, poderia ter tirado a minha vida, não a dos meus filhos, fez isso para me atingir o resto da vida. Já tinha dado choque na minha menina e arrancou metade do lábio dela”, ressaltou a mãe e comentou quando viu os corpos das crianças, um ao lado do outro levou um choque e não notou mais nada, “fiquei no hospital o dia todo, só vim para casa na hora do velório, passei abaixo de remédios, não é fácil a mãe velar seus três filhos, senti a morte de todos eles, mas, a que mais me doeu foi a da menininha, com apenas 02 anos”, explicou e foi enfática, “me apego a Deus e minha mãe, quando vem aquela vontade de tirar minha vida, vem a imagem de meu sobrinho daí paro de pensar, mas, não é fácil enfrentar a situação sem eles, tem dia que levanto com o coração em pedaços”, mencionou.
Uma pessoa que esteve no local, mas, preferiu ter sua identidade não divulgada, relatou, “quando cheguei lá estavam os três caídos no chão, o piá estava se mexendo na ânsia da morte, morreu nos meus braços. Tinha muito sangue nos corpos, estavam degolados”, acrescentou e revelou que uma vizinha que avisou sobre o local do crime. Ainda segundo ela, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar já estavam no local.
Em uma reportagem sobre o fato em 2013, um órgão de imprensa revelou que o pai alegou que matou os filhos porque eles estavam passando fome. Ainda segundo o texto, Vanderlei era usuário de drogas, alcoólatra e sempre apresentou comportamento agressivo.
A delegada do caso à época, Drª Vera Lúcia Tapie, informou que ao longo da sua carreira policial, os crimes que mais a abalaram foram os que envolveram crianças, “um deles, foi impressionante, ocorreu em 2013, quando era delegada em Palmas, na manhã do dia (09) de maio a Polícia Civil foi acionada para atender um crime de homicídio, neste local estavam três crianças mortas, degoladas e um homem sentado com um facão na mão, o autor do crime era o pai delas e por vingança da mulher que o havia deixado, pedido a separação, os matou. O acusado apresentava um ferimento no pulso, quando foi questionado a respeito do crime disse que havia tentado o suicídio, mas que a faca era velha e doeu demais, mas não doeu no pescoço dos seus filhinhos. Foi preso, atuado em flagrante e alguns dias depois cometeu o suicídio por enforcamento no interior da cadeia”, completou.
“… quando foi questionado a respeito do crime disse que havia tentado o suicídio, mas que a faca era velha e doeu demais, mas não doeu no pescoço dos seus filhinhos…”, delegada do caso à época, Drª Vera Lúcia Tapie.