Faleceu no domingo (30), Celso Antônio Loyola Bauer, aos 83 anos. Memorialista, Escritor, Cultuador da Vida Campeira, Agropecuarista, autor da obra “Palmas nas vivências de um Campeiro, foi membro da Academia Palmense de Letras ocupando a Cadeira nº 15”.
Era recorrente, no aniversário de Palmas, comemorado em (14) de abril, a publicação de uma matéria com seus relatos.
Em sua homenagem será publicada a matéria que foi publicada na edição nº 1396, de 2018.
O livro: “Palmas nas vivências de um Campeiro”, autor Celso Antônio Loyola Bauer, aborda a rica história da centenária de Palmas, principalmente, sobre os tropeiros que tiveram papel fundamental na consolidação do município, a reportagem, entrevistou Celso Antônio Loyola Bauer, que escreveu o livro: “Palmas nas vivências de um Campeiro”.
Seu pai, José de Araújo Bauer (in memoriam), já havia escrito, Reminiscência – Histórias de Palmas, também colaborou na obra, Páginas da vida de um campeiro, cujo autores foram seus filhos, Celso Antônio Loyola Bauer e Maria José Bauer Ribas, que também foi autora junto com Luiza Josefina Varaschin, do livro, “Lar dos Velhinhos Nossa Senhora das Graças – Uma obra que testemunha”.
Gentilmente, o autor, atendeu a reportagem, após, os cumprimentos de praxe, começou a relatar os fatos que retratam uma época onde tudo era difícil e sobre o porquê escrever o livro. “Depois que me aposentei da lida de campo, vim embora da fazenda, teria que achar algo para ocupar o tempo e resolvi escrever o livro, enfrentei dificuldades devido ter pouco material e documentos sobre a história de Palmas, se perdeu muito com o tempo”, disse, e destacou que achou por bem escrever, segundo ele, “o que ficar escrito faz parte da história”.
Já sobre o livro, que demorou quatro anos para ser publicado, Celso, explicou que relatou fatos sobre a lida de campo, num contexto amplo, os costumes (comida a base de carne seca – charque, carne de porco enlatada, etc), não especificando um local, uma, fazenda ou apenas uma família.
Avanço
Uma das questões e que consta no livro, diz respeito o porquê Palmas, não ter avançado em vários segmentos como ocorreu com outros municípios da região sudoeste. “Em meu ponto de vista, quando os primeiros habitantes vieram para a cidade, era sertão bruto, não havia comunicação, o transporte e a locomoção dos fazendeiros era a cavalo ou mula, foi mais de um século assim, o comércio era fraco, os mantimentos vinham de Curitiba ou Ponta Grossa e no sudoeste na década de 50, já estavam abertas as colônias, com terra boa. Nós tínhamos o problema do solo, não era fértil, o frio rigoroso”, destacou o autor e citou que uma das diferenças entre os fazendeiros e os colonos, é a questão cultural, “quem descobriu Palmas, foram os criadores de gados que vieram de Guarapuava e Ponta Grossa, não tinham o hábito de plantar, já os colonos trabalhavam em grupo, um ajudava o outro. Apenas, em 1990, foram abertas as primeiras lavouras no município, as fazendas foram se tornando produtivas, através de novas técnicas de cultura, a vinda da agricultura foi a redenção dos fazendeiros, hoje produzimos igual ao restante do sudoeste”, afirmou.
Conhecimento
Apesar de Palmas ser um município centenário, muitos não tem conhecimento sobre os principais fatos da época, inclusive a participação dos tropeiros que desbravaram os tão conhecidos “Campos de Palmas”, sobre isso Bauer, enfatizou que recentemente se encontrou com alguns tropeiros que vieram de Pitanga e passaram por Palmas, “conversei com eles, no trevo principal, onde tem esculturas de um tropeiro com sua mula, fiz um breve relato, Palmas foi o município pioneiro da região se expandindo na questão territorial até União da Vitória, Oeste de Santa Catarina, meu avô foi coletor de impostos federal, se deslocava a cavalo para Chapecó, levando os livros de registros no cargueiro, porém, Palmas, foi o último município a homenagear os tropeiros. Queriam também prestar homenagens sobre a guerra do Contestado, mas vale lembrar que Palmas só levou prejuízo com essa demanda. Algumas fazendas palmenses foram cortadas ao meio e divididas com Santa Catarina através de acordo entre os governantes do Paraná. Criaram o estado de Missões em Palmas, sendo os mandatários, Dr. Bernardo Ribeiro Vianna, Cel Domingos Soares, José Cleto da Silva prefeito de Clevelândia e mais alguns políticos de União da Vitória e Rio Negro”, pontuou ele, e também destacou o imbróglio sobre a questão da Argentina querer se apossar do território de Palmas. “Nesta questão, Cleveland deu ganho ao Brasil, utilizando o princípio de quem tem a terra é o dono”.
Outro livro
“Tenho material para escrever mais um livro vai depender do tempo e da pesquisa, temos pouco material. Meu pai, José Bauer, era uma fonte inesgotável de informações. O seu livro lançado em 2005, as pessoas ainda procuram, elas tem sede de conhecimento para saber nossa real história”.
Sua história
Celso Antônio Loyola Bauer, natural de Palmas, nasceu na fazenda Porteira, propriedade de seu avô, coletor federal, hoje, chácara do Terça Clube, proximidades do IFPR.