Bebê morre em creche clandestina que operava há 10 anos sem fiscalização efetiva, diz delegado

Bebê morre em creche clandestina que operava há 10 anos sem fiscalização efetiva, diz delegado
Eliandro Santana
ALEP - PARANÁ COM TUDO E COM TODOS (copy at 2025-06-02 15:42:55)
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A creche clandestina onde um bebê de três meses morreu após engasgar com leite, localizada no bairro Tatuquara, em Curitiba, estava em funcionamento havia cerca de 10 anos, de acordo com o relato dos responsáveis pelo local. O homem e a mulher, que administravam o espaço, foram presos em flagrante nesta segunda-feira (19) por homicídio culposo — quando não há intenção de matar.

Segundo o delegado Fabiano Oliveira, os suspeitos relataram, durante interrogatório, que o local foi visitado anteriormente pela Vigilância Sanitária, que os orientou a encerrar as atividades. No entanto, nunca houve nova fiscalização para confirmar que a ordem foi cumprida. Além disso, o casal também mencionou visitas do Conselho Tutelar ao imóvel.

“Eles informaram que, durante esses 10 anos que a creche funciona, não tiveram nenhum problema relatado e que foram visitados pelo Conselho Tutelar e pela Vigilância Sanitária. Nós vamos confirmar essas informações por meio de ofícios aos órgãos. Sendo uma creche, deveria ter uma licença com todos os órgãos para funcionar. A prefeitura já confirmou que não existe essa regularidade”, declarou o delegado. O casal, de 37 e 43 anos, afirmou que normalmente cuidava de cinco a seis crianças, mas, no dia do ocorrido, atenderam cerca de 20 crianças. “Eles falaram que houve uma orientação da Vigilância Sanitária sobre eles não poderem permanecer abertos, mas eu perguntei se eles [técnicos] teriam retornado lá para fiscalizar se tinha sido fechado e disseram que não tiveram nenhum retorno da Vigilância”, acrescentou Oliveira.

Conforme as investigações preliminares, o homem preso realizou os procedimentos de desengasgamento e seguiu orientações do Samu por telefone para realizar a massagem cardíaca enquanto aguardava a chegada da equipe de emergência. A hipótese inicial é de que a criança tenha sofrido broncoaspiração — causada pelo engasgo com leite —, o que levou à obstrução das vias respiratórias. A causa definitiva da morte será determinada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba.

“Entendemos que a situação se caracterizava mais como a imprudência por parte deles de receber aquelas crianças mesmo diante de uma situação excepcional… A bem da verdade, tentando ajudar os pais, que fique bem claro isso, que precisavam ir para o trabalho e acabaram assumindo um risco de forma imprudente”, explicou o delegado. A investigação continuará apurando se houve negligência por parte do Poder Público, considerando a alegação de que o local foi orientado a fechar, mas teria seguido funcionando sem fiscalização posterior.

A mulher presa foi liberada após pagamento de fiança, enquanto o homem permanece detido e será apresentado à Justiça em audiência de custódia. Os pais da criança deverão ser ouvidos pelas autoridades nos próximos dias.

**O que diz a Prefeitura de Curitiba**

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba para questionar se o casal foi orientado oficialmente a encerrar as atividades, quando essa suposta notificação foi realizada e se houve o retorno da Vigilância Sanitária para verificar o cumprimento da ordem. Também foi indagado se já existia alguma denúncia anterior a respeito do funcionamento do local. Até o momento da publicação, a Prefeitura não havia se manifestado. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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Imagem de destaque - TV A Folha