O imunizante é produzido a partir do vírus vivo e atenuado, tornando-se incapaz de causar a doença, mas ensinando o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a chikungunya.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (14) o registro da primeira vacina brasileira contra a chikungunya, marcando um avanço significativo na ciência e na saúde pública. A doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, provoca dores intensas nas articulações, que podem se tornar crônicas e prejudicar gravemente a qualidade de vida.
A aposentada Neiva Martins compartilhou sua experiência com a doença. “Os primeiros sintomas foram muita dor nas juntas do corpo todo, na verdade, eu estava com febre. E depois só continuaram os sintomas até hoje”, relata.
A chikungunya é um grave problema de saúde pública em países como Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. Em 2024, o Brasil registrou mais de 260 mil casos e pelo menos 213 mortes, enquanto no mundo foram mais de 620 mil infectados. Nesse contexto, a aprovação da vacina foi motivo de celebração por parte do Instituto Butantan.
“É um passo fundamental. A gente até agora tem como principal arma para enfrentamento da chikungunya o controle do mosquito transmissor. A vacina vem trazer uma outra perspectiva na medida que ela pode prevenir a pessoa de se infectar pelo vírus causador dessa doença”, afirmou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.
Os testes de segurança e eficácia do imunizante foram conduzidos em parceria do Butantan com a farmacêutica franco-austríaca Valneva. A vacina já obteve aprovação pelas agências reguladoras dos Estados Unidos e da Europa. Resultados mostram que 98,9% dos voluntários que testaram a vacina desenvolveram anticorpos. “Durante os estudos, foi observado um número muito expressivo de resposta da vacina e um perfil de segurança totalmente adequado à indicação proposta”, explicou Daniel Pereira, diretor da Anvisa.
A aplicação das doses será discutida com o Ministério da Saúde, que determinará quando e onde iniciará a campanha vacinal. Inicialmente, a produção será importada, mas o Instituto Butantan aguarda autorização da Anvisa para fabricar a vacina no Brasil, reduzindo assim seu custo.
“É para ser aplicada em população que mora em regiões mais vulneráveis e que tem mais de 18 anos. Agora, o Ministério está tomando os passos que são necessários para a incorporação dessa vacina no calendário vacinal nacional e dependiam do registro da Anvisa que foi finalizado hoje”, declarou Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente.
