Bernardo Gomes de Oliveira, de 3 anos, faleceu após sofrer uma picada de escorpião em Cambará, no Norte do Paraná. O incidente ocorreu na manhã de domingo (13) e sua morte foi confirmada na tarde de segunda-feira (14). A família denuncia que não havia soro antiescorpiônico suficiente no hospital da cidade.
Segundo a mãe do menino, Bianca Gomes, entrevistada pela RICtv, a família se preparava para visitar a avó de Bernardo. O menino calçou um tênis que estava sobre uma mureta, enquanto o pai recolhia roupas do varal, e foi nesse momento que o acidente aconteceu. “O escorpião picou ele, acho que foi ele que tirou o tênis na hora. Eu olhei dentro e era escorpião. Comecei a gritar, chamei o pai dele, colocamos ele no carro e em 10 minutos estávamos no pronto-socorro”, relatou.
Bernardo chegou ao pronto-atendimento de Cambará às 8h45, e os pais informaram imediatamente que a criança havia sido picada por um escorpião. Às 10h17, ele foi transferido para a Santa Casa de Jacarezinho, a cerca de 20 quilômetros de distância. No hospital, a família foi informada de que não havia quantidade suficiente do antídoto. Ele recebeu cinco doses do soro, mas seriam necessárias seis.
Com o estado de saúde agravado, Bernardo foi transferido de helicóptero para o Hospital Universitário de Londrina. No entanto, após sofrer 33 paradas cardíacas, ele não resistiu. “Se ele tivesse tomado o soro de imediato, será que hoje meu filho não poderia estar correndo de bicicleta aqui em casa, igual ele fazia?” desabafou a mãe.
Ronaldo Guardiano, secretário municipal de Saúde de Cambará, afirmou que o soro antiescorpiônico não estava disponível no hospital da cidade. “Na regional de saúde foi feito todo o atendimento, inclusive com o soro antiescorpiônico. Esse soro só é disponibilizado para hospitais de referência. Cambará e outros municípios menores não recebem”, explicou o secretário. Ele também mencionou que havia alertado sobre a falta de soro durante uma reunião no início do ano. “Foi uma das pautas que levei. Pedi que a regional disponibilizasse o soro antiofídico para o município de Cambará. Mas a parte técnica explicou que não seria possível”, completou.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR) emitiu uma nota lamentando a morte da criança. Leia o texto na íntegra: “A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) lamenta profundamente a morte de um paciente de Cambará por picada de escorpião ocorrida nesta segunda-feira (14). Ele foi atendido inicialmente pelo Hospital Municipal de Cambará e na sequência encaminhado para a Santa Casa de Jacarezinho, onde recebeu o tratamento específico com o antiveneno, mas acabou falecendo. A responsabilidade pela aquisição e distribuição dos antivenenos é do Ministério da Saúde. A armazenagem no Paraná acontece nas Regionais de Saúde, que tem estoque para atender as demandas. Quando é registrado um caso que necessite do insumo, o município deve acionar a Regional de Saúde para atendimento imediato. Nesse caso específico a 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho não foi acionada pelo Hospital Municipal de Cambará e nem pela Santa Casa de Jacarezinho. A sede da regional fica a apenas 20 minutos de carro do hospital de Cambará. A 19ª Regional já iniciou um processo de investigação e já enviaram equipes para o município de Cambará para busca ativa destes animais.”